Fadiga: definições e causas

Com definição ampla, a fadiga se refere a diferentes aspectos da fisiologia humana, ela pode estar associada a parte física e mental, pode ser aguda, a qual é reversível e normalmente associada a esforço muscular, melhorando após repouso, ou, ainda, crônica, que pode ser irreversível.

A fadiga pode estar associada a diferentes fatores, tais como esgotamento de glicogênio e fosfocreatina muscular, disfunção da transmissão neuromuscular, alterações da bomba de cálcio do retículo sarcoplasmático, atividades cognitivas prolongadas, bem como a diferentes doenças, tais como síndrome da fadiga crônica, cânceres, fibromialgia, Covid-19 e deficiência na produção de coenzima Q10.

Coenzima Q10: qual a sua importância para o corpo e a relação com a fadiga?

A coenzima Q10, também conhecida como ubiquinona, é um composto lipossolúvel produzido pelo corpo ou obtido a partir dos alimentos, com múltiplas funções. Entre elas, podemos destacar a produção de energia: isso porque atua no transporte de elétrons no interior da membrana mitocondrial, convertendo energia dos ácidos graxos e carboidratos em ATP. Mas o envelhecimento, o estilo de vida, o excesso de exercício físico e as diferentes situações clínicas e doenças podem levar à redução da síntese de coenzima Q10. Assim, com o seu importante papel na produção de energia, a diminuição dos seus níveis corporais pode levar à fadiga e à redução da disposição. E é nesses casos que os pacientes se beneficiam com a suplementação deste composto.

Evidências da literatura científica da coenzima Q10 em diferentes condições clínicas associadas à fadiga:

Estudos realizados com pacientes diagnosticados com diferentes tipos de condições clínicas demonstram os benefícios da coenzima Q10 na melhora da fadiga.

Sanoobar et al. (2016) demonstraram que a suplementação com 500mg/dia de coenzima Q10, durante 12 semanas, revelou redução da escala de gravidade de fadiga, em pacientes com esclerose múltipla. Já uma revisão sistemática e metanálise conduzida por Mehrabani et al. (2019), reunindo o total de 16 estudos, apresentou benefícios significativos da suplementação de coenzima Q10 na redução de fadiga entre indivíduos saudáveis, fibromialgia, fadiga relacionada ao uso de estatinas, esclerose múltipla e insuficiência cardíaca em estágio terminal.

Um estudo clínico duplo-cego controlado por placebo, conduzido por Mizuno et al. (2020), concluiu que com a suplementação de 100mg/dia e 150mg/dia, durante 12 semanas, os níveis subjetivos de sensação de fadiga e sonolência após tarefas cognitivas melhoraram significativamente em comparação com aqueles do grupo placebo, assim, sugerindo um efeito antifadiga (em ambas as concentrações).

Suzuki et al. (2021) demonstraram em seu estudo clínico que a suplementação de 300mg/dia de coenzima Q10, por 12 dias, diminuiu as enzimas séricas associadas ao dano oxidativo e à lesão muscular em seis dias e suprimiu a fadiga subjetiva em corredores de longa distância.

Ainda, a literatura científica vem ressaltando o possível papel da suplementação de coenzima Q10 em pacientes pós-Covid-19, principalmente na modulação da fadiga, um sintoma frequente nestes, uma vez que as concentrações desse composto estão reduzidas, o que revela um potencial alvo terapêutico.

REFERÊNCIAS

MEHRABANI, S. et al. Effect of coenzyme Q10 supplementation on fatigue: A systematic review of interventional studies. Complement Ther Med. v. 43, p. 181-187, abril, 2019. 

SANOOBAR, M. et al. Coenzyme Q10 as a treatment for fatigue and depression in multiple sclerosis patients: A double blind randomized clinical trial. Nutr Neurosci. v. 19, n. 3, p. 138-43, 2016.

SUZUKI, Y. et al. Short-term ubiquinol-10 supplementation alleviates tissue damage in muscle and fatigue caused by strenuous exercise in male distance runners. Int J Vitam Nutr Res. v. 91, n. 3-4, p. 261-270, jun. 2021.

MIZUNO, K. et al. Ubiquinol-10 Intake Is Effective in Relieving Mild Fatigue in Healthy Individuals. Nutrients. v.  12, n. 6, p. 1640, 2 jun. 2020.

PAGANO, G. et al. Potential roles of mitochondrial cofactors in the adjuvant mitigation of proinfammatory acute infections, as in the case of sepsis and COVID-19 pneumonia. Inflamm Res. v. 70, n. 2, p. 159-170, fev. 2021.

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