É consenso científico os diversos benefícios do ômega-3 à saúde humana. O ômega-3 representa um ampla classe de ácidos graxos poli-insaturados, sendo as moléculas mais ativas o DHA (ácido docosahexaenoico) e o EPA (ácido eicosapentaenoico).
Particularmente, a ação antioxidante do DHA tem chamado a atenção por sua contribuição na expressão e atividade de sistemas antioxidantes endógenos, como a superóxido dismutase e a glutationa peroxidase. Nesse contexto, pesquisas têm investido esforços para investigar se o DHA poderia ser utilizado como alternativa para a prevenção do estresse oxidativo em diferentes situações, como durante a prática de exercício físico.
Uma das consequências do exercício aeróbio é o aumento do estresse oxidativo agudo, cuja magnitude é proporcional à intensidade da atividade, duração e ao estado de treinamento do indivíduo. Em recente ensaio clínico, pesquisadores demonstraram que o estresse oxidativo pode ser reduzido após a suplementação com DHA em atletas de ciclismo de resistência.
A pesquisa foi desenvolvida por meio de estudo clínico randomizado e controlado por placebo com homens adultos praticantes de ciclismo regular (quatro horas por semana), os quais receberam um suplemento de DHA reesterificado (rDHA) de alto teor pelo período de quatro semanas, seguindo as seguintes dosagens:
- Placebo: três cápsulas gelatinosas;
- rDHA: 350 mg/dia (uma cápsulas);
- rDHA: 1050 mg/dia (três cápsulas);
- rDHA: 1750 mg/dia (cinco cápsulas);
- rDHA: 2450 mg/dia (sete cápsulas).
A capacidade antioxidante endógena do DHA foi quantificada por meio da redução nos níveis do marcador de estresse oxidativo 8-hidroxi-2′-desoxiguanosina (8-OHdG), uma molécula excretada na urina associada ao dano no DNA gerado por radicais livres. Foram coletadas amostras de urina de 24 horas após um treino de 90 minutos de ciclagem de carga constante antes e após a intervenção para a dosagem de 8-OHdG.
De forma pioneira, a pesquisa demonstrou que a suplementação com rDHA exerce efeito antioxidante de maneira dose-dependente, a partir das doses de 1050 mg, conforme demonstrado no gráfico abaixo (excreção urinária de 8-OHdG).
Legenda: Diferença da excreção urinária de 8-OHdG 24 horas antes e após o teste físico, entre os grupos placebo e rDHA (com doses crescentes). Os valores são apresentados como média ± erro padrão (EP). * p < 0,05. Fonte: Adaptado de [1].
De acordo com os resultados apresentados, a suplementação com DHA pode ser considerada após a prática de exercício de intensidade moderada e longa duração como estratégia preventiva para o dano oxidativo gerado pela prática desse tipo de atividade física.
Referências:
[1] de Salazar L, Contreras C, Torregrosa-García A, Luque-Rubia AJ, Ávila-Gandía V, Domingo JC, López-Román FJ. Oxidative Stress in Endurance Cycling Is Reduced Dose-Dependently after One Month of Re-Esterified DHA Supplementation. Antioxidants (Basel). 2020 Nov 18;9(11):1145. doi: 10.3390/antiox9111145.